"Copa de Elite" é o melhor filme paródia brasileiro

 

Capitão Capitão sua trupe

Comédia, enquanto linguagem cinematográfica, é um gênero que ainda estamos engatinhando no Brasil. Salvo raras exceções, a regra é a falta de graça motivada pela ausência de piadas. Nesse sentido, "Copa de Elite" é um avanço. As piadas estão lá. Só falta achar a graça.

Na trama, o Capitão Jorge Capitão - assim mesmo -, vivido por Marcos Veras, deixa de ser o mais admirado oficial do BOPE depois de uma missão mal sucedida e acaba exonerado da corporação. Mas ele logo descobre uma grande conspiração cujo objetivo é assassinar o Papa, que viria pessoalmente conferir a final da Copa do Mundo no Maracanã. E só ele, com a ajuda de soldados absolutamente despreparados e de uma dona de sex shop, poderá salvar Sua Santidade.

Importante ter participação especial de famosos



A ideia é fazer um filme-paródia. E o cinema nacional já tem material suficiente para isso. O mote central, claro, é "Tropa de Elite", mas tem espaço para sacanear "Dois Filhos de Francisco", "De Pernas Pro Ar", "Carandiru", "Minha Mãe é uma Peça", "Meu Nome Não É Johnny", "Se Eu Fosse Você", "Bruna Surfistinha" e qualquer outro filme que tenha passado pela cabeça dos roteiristas que pudesse ter algum encaixe no fiapo de trama que eles estavam construindo.

A coisa é que filmes-paródia já não são, exatamente, algum tipo de arte elevada. E também não é "Copa de Elite" que vai trazer alguma redenção para esse sub-gênero, que já viu dias melhores - como, por exemplo, em "Corra que a Polícia Vêm Aí", de quem este "Copa de Elite" rouba, meio descaradamente, a estrutura formal. Mas em relação às comédias nacionais como um todo, há um avanço sensível.

Muito amor

O normal das comédias nacionais - e de muitos filmes-paródia americanos também, sejamos justos - é a ausência de piadas, em sua forma estrutural. Não há quebra de expectativa, troca de elementos, hipérbole, nada. "Copa de Elite" é diferente. Há tudo isso. Mas é do nível de fazer um personagem encontrar uma peça de quebra-cabeça de verdade enquanto diz "encontrei a peça que faltava desse quebra-cabeça". É primário, raso e infantil. Mas, ao menos, é uma piada. E que foi prevista no roteiro.

O resultado é que temos o melhor filme-paródia brasileiro até agora, considerando que o outro é "Totalmente Inocentes" - com quem divide os mesmos problemas de ritmo, questão crucial para o humor. Mas se bater uma vontade louca de ver um exemplar desse sub-gênero, melhor ficar com "Corra que a Polícia Vem Aí" mesmo.

Autor / Fonte: POP

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