Consumo de pirarucu em Rondônia ainda é baixo, afirmam produtores

 

Exemplar de pirarucu criado em cativeiro.

Exemplar de pirarucu criado em cativeiro.

 

Um dos peixes mais nobres da Amazônia, o pirarucu precisa ser mais divulgado para entrar de vez no cardápio dos rondonienses e também de todos os brasileiros. A proposta foi defendida pelos produtores do pescado, durante encontro realizado no auditório do frigorífico Zaltana, em Ariquemes, nesta quinta-feira (23).

 

A reunião entre representantes de órgãos dos governos estadual e federal, produtores, processadores e fornecedores teve o objetivo de definir uma tabela de preços e meios de comercializar a produção recorde do pescado mais nobre da região Norte do Brasil.

 

O produtor Clóvis Argolo, de Cacaulândia, pioneiro na criação do pescado no Estado, começou a criar pirarucu em 2010, com 2.600 alevinos, conseguindo demonstrar a viabilidade da criação em cativeiro do pirarucu.

 

Mesmo com o sucesso da empreitada, Clóvis lamenta a pouca demanda e aponta a falta de divulgação como principal fator para isso. “Este é um dos peixes mais nobres da Amazônia e do Brasil, mas mesmo assim é pouco consumido por puro desconhecimento do seu sabor maravilhoso e de sua carne firme e nutritiva”, desabafa.

 

Outro entrave é o preço da ração. Em apenas 3 anos subiu de R$ 30,00 para R$ 56,00 a saca. O presidente da Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), Luiz Gomes, disse que já estão em implantação indústrias de produção de ração em Rondônia. “Os componentes como milho e soja nós temos de sobra. A partir de 2016 este custo vai baixar, e com isso diminui também preço do pirarucu”, acredita.

 

Mesmo com o valor de mercado acima do preço do tambaqui, o ‘bacalhau da Amazônia’, por ser de alto valor nutritivo, ainda é mais vantajoso pois a porção diária deste pescado é equivalente ao da carne bovina.

 

A criação do pirarucu em cativeiro e a comercialização garantida por contratos celebrados com empresas distribuidoras de renome nacional chamaram a atenção de vários piscicultores e mesmo criadores de bovinos, que resolveram investir no negócio, alguns sem comercialização garantida. Aliada à grande produção houve quebra de contratos por parte de uma das empresas comercializadoras, o que fez a produção recorde passar a ser um problema no âmbito comercial e governamental.

Reunião mediada pelo vice-governador Daniel Pereira, para facilitar a comercialização do pirarucu

Reunião mediada pelo vice-governador Daniel Pereira para facilitar a comercialização do pirarucu

 

Medidas saneadoras foram tomadas de imediato pelos órgãos responsáveis, tanto do governo federal quanto estadual. Durante as duas últimas semanas foram realizadas diversas rodadas de reuniões entre a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária (Seagri), a Emater, a Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura de Rondônia (SFPA-RO) do Ministério da Pesca,  produtores, processadores e fornecedores, quando foram debatidas e traçadas medidas para facilitar a comercialização das mais de 700 toneladas de pirarucu.

 

Nesta última reunião ocorrida no frigorífico Zaltana ficou estipulado um valor de consenso para o produto, logística de transporte e distribuição e o dia 28 próximo para a assinatura de um termo de cooperação entre todos os envolvidos. O secretário da Agricultura, Evandro Padovani, está otimista e comemora:  “Provamos que temos capacidade técnica para suprir quaisquer mercados, a exemplo dos 14 estados que compram nosso pescado. Nossas matrizes são de altíssimo nível, o que garante a grande produção com qualidade”.

 

Padovani informa que além dos dois frigoríficos e entrepostos para processamento de peixes (em Ariquemes e Vilhena), outros estão sendo construídos em Porto Velho, Ouro Preto, Rolim de Moura e Itapuã do Oeste, além das fábricas de ração citadas pelo presidente da Emater Luiz Gomes.

 

“Somos líderes isolados na produção de peixes nativos em cativeiro no Brasil e caminhamos para a auto suficiência no processamento e na logística de comercialização”, afirma Ilse Oliveira, superintendente da SFPA em Rondônia.

 

Fotos: Ésio Mendes

Autor / Fonte: Marco Aur�lio Anconi/DECOM

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