Condições do Complexo e do Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré são avaliadas

A invasão das águas do Madeira no complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), devido à enchente histórica do rio, fez submergir considerável parte dos galpões, maquinário e acervo do museu. Com a missão de agir em favor do principal patrimônio histórico de Rondônia, um comitê foi formado com representantes da União, Estado e Município. Uma das atribuições do grupo de trabalho é a emissão de relatórios diários, devendo apresentá-los a cada dez dias à Justiça Federal, em que constem os resultados das ações desencadeadas e apresente laudos técnicos sobre as condições das peças. Isso vem sendo feito em conformidade às determinações de uma Ação Civil Pública, impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Rondônia.

Um trabalho de remoção de diversas peças já foi realizado no galpão que abrigava o museu e onde estava uma das locomotivas e diversas peças de grande porte. A remoção foi efetuada em duas etapas. Na primeira etapa foram retiradas as peças menores, na segunda, contando com a colaboração do 5º Batalhão de Engenharia e Construção (5º BEC), foram retirados estantes e armários mais pesados. Todo o material foi recolhido à Superintendência Estadual de Turismo (SET), situada no edifício conhecido como Prédio do Relógio.

De acordo com a presidente da Fundação Cultural do Município (Funcultural), Jória Lima, após isso, foi iniciada a etapa de classificação e identificação das peças, a partir de um catálogo que o 5º BEC cedeu. Para esses serviços, contou-se com a cooperação da museóloga Me. Marselli Nogueira, que é também professora da Universidade Federal de Rondônia. “Pelo que sei, trata-se da única museóloga que temos no município. Ela está nos ajudando bastante na catalogação e na identificação das peças, assim como, também, na elaboração de relatórios técnicos sobre a recuperação do acervo e dos outros materiais ligados a EFMM”, explicou.

Segundo a presidente da Funcultural, não há conhecimento de perdas irreparáveis por causa da enchente. “O galpão sofreu muito. As portas estavam se soltando, mas por enquanto, não temos como avaliar o prejuízo dos bens móveis. Somente com o fim da enchente, quando começarmos a lavar as peças e montar tudo novamente é que passaremos a dialogar com o Comitê Gestor sobre como faremos para reconstituir tudo o que se deteriorou e também discutiremos para onde deve ir definitivamente o museu, porque sabemos que aquele local não é mais adequado. Por enquanto, o Estado cedeu o Prédio do Relógio para a guarda dos objetos. Pensamos que talvez o museu deva mesmo se instalar ali definitivamente, mas ainda vamos debater mais sobre isso”, afirmou.

Rodrigo Flávio, superintendente interino da SET, destacou que o Estado tem obrigações em relação ao acervo, embora o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan RO) seja o órgão responsável pela sua guarda e a gestão esteja sob os cuidados da Prefeitura. Disse concordar que o Prédio do Relógio parece ser o melhor lugar para a instalação do museu e que a Setur tem cooperado nos trabalhos do Comitê Gestor a respeito da principal demanda da Ação Civil Pública impetrada, que é a retirada das locomotivas e dos acervos móveis tombados. “Sobre a retirada das locomotivas, pedimos ao corpo de Bombeiros para que nos ajudasse na tentativa de obter imagens sobre as condições daquilo que está em baixo d’água. A intenção foi recolher as imagens, a fim de que pudéssemos saber sobre a possibilidade da retirada das locomotivas. Isso foi realizado na quinta-feira (10), e ainda estamos aguardando o relatório dos bombeiros, mas já sabemos que não foi impossível captar imagens, porque as águas estão muito turvas. Nesse mesmo dia, em conjunto com a Funcultural e com o Iphan, realizamos também a retirada de diversas peças do acervo. Quanto à retirada das locomotivas, nada nos faz crer que essa seja uma boa medida. O mais provável é que isso poderia causar mais danos do que deixá-las no próprio local”, esclareceu.

Flávio também informou que o Estado fará ainda neste ano algumas obras importantes para a EFMM, tais como a revitalização do Prédio do Relógio e a organização de um museu de narrativas, onde ficarão registradas muitas histórias sobre a Estrada. Além disso, será também revitalizada a estação ferroviária do distrito de Iata.

O Comitê Gestor tem se reunido semanalmente para discutir a situação geral do complexo da EFMM e as medidas a serem tomadas no período após a enchente. Uma das propostas é a contratação de uma empresa terceirizada para cuidar do museu. “Um museu férreo de grande porte é de difícil gestão para o município, como é também para o Estado ou mesmo para a União. Tem que ser uma empresa que tenha essa especialidade. Já estamos vendo empresas em alguns lugares do Brasil e até fora do país. Quanto à Ferrovia, ainda há algumas compensações a serem feitas pelas usinas, e nisso estão inclusas algumas benfeitorias previstas para as locomotivas, a recuperação de trechos da Estrada e outros serviços no Complexo. Sobre as peças do acervo, estamos prevendo que existam alguns danos, mas que eles sejam passíveis de recuperação. Não acreditamos em danos irreparáveis e sabemos que assim que as águas baixarem haverá muito trabalho a ser feito, mas tudo será higienizado e recuperado, a população pode ficar certa disso”, finalizou a presidente da Funcultural.

Autor / Fonte: Assessoria

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