São Paulo – A queda do avião da Germanwings nos alpes franceses, neste mês, não apenas comoveu o mundo, como também levantou discussão sobre a importância de saber identificar e tratar problemas psiquiátricos, como a depressão.

 

De acordo com as investigações do acidente, que matou as 150 pessoas, o copiloto Andreas Lubitz derrubou intencionalmente a aeronave, após ficar sozinho dentro da cabine de comando. Informações divulgadas apontam que ele sofria de depressão e transtorno de ansiedade e já havia recebido indicação médica de se afastar do trabalho.

 

Diante da dor de tantas perdas, fica a pergunta: uma tragédia como esta poderia ser evitada? A resposta mais direta é: sim. Na opinião do médico Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, casos em que é identificado o risco de suicídio (ou de atentado contra a saúde ou a vida de outras pessoas, por parte do doente) deveriam ser informados imediatamente ao governo, não apenas às empresas, para que medidas preventivas fossem tomadas.

 

Atualmente, não existe essa previsão. Para ele, a notificação compulsória da ameaça poderia permitir que os países agissem com mais atenção em relação às pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo os indivíduos com sofrimento mental em programas e tratamentos, antes que o pior acontecesse.

 

Segundo o também médico psiquiatra Luiz Carlos Aiex Alves, presidente do comitê multidisciplinar de psiquiatria forense da Associação Paulista de Medicina, as situações em que o risco à integridade física do paciente e de outras pessoas é comprovado são as únicas que dão abertura para um tratamento psiquiátrico contra a vontade do paciente.

 

Esses casos, porém, não representam a totalidade da população que sofre com a doença. Por isso, é importantíssimo não rotular ou estigmatizar o quadro.

 

Tragédias como a do avião da Germanwings podem, muitas vezes, dar a impressão de que pessoas com depressão ou transtorno de ansiedade (ou ambos) são perigosas ou capazes de cometer loucuras. Para Silva, essa ideia não passa de preconceito, já que nem todo paciente é um suicida em potencial.

 

Até que se chegue a um diagnóstico médico preciso, é necessário ficar atento aos sinais que a doença pode dar. “Um episódio depressivo pode ser classificado como leve, moderado ou grave. Esta classificação depende do número e do tipo de sintomas que a pessoa apresenta”, explica Alves.

 

Para o especialista, os casos leves e moderados podem até ser disfarçados nas relações sociais e de trabalho, ainda que com algum esforço do doente. No entanto, os quadros mais graves são, dificilmente, imperceptíveis. A identificação precoce desses sintomas pode ser valiosa para evitar o agravamento da doença.

Claro que o diagnóstico cabe apenas ao médico psiquiatra, mas a atenção e o apoio de pessoas próximas podem ser um bom começo para a identificação e o tratamento. Havendo suspeita, o melhor é encaminhar o possível paciente a um médico e tentar conscientizá-lo da importância do tratamento.

 

 

Confira a seguir alguns sinais que pessoas deprimidas podem demonstrar, de acordo com Alves.

Retraimento Social

Cansaço excessivo

Desinteresse por coisas nas quais sentia prazer antes

Segundo médicos, é importante não alimentar preconceitos sobre a depressão. Conscientização é o melhor caminho

© Thinkstock

 

 

Tristeza e desânimo

Baixa autoestima

Choro fácil

Pessimismo (além do normal)

Sentimentos de culpa injustificáveis

Problemas de sono

Redução do apetite

 

 

Dependendo do indivíduo, os sintomas também podem ser:

Irritação excessiva

Consumo de bebidas alcoólicas em excesso

Manifestação de preocupações hipocondríacas antes inexistentes

Queixas frequentes de dores provocadas por tensão muscular.

 

www.msn.com/pt-br/saude/saude/como-saber-se-seu-ente-querido-est%c3%a1-deprimido/ar-AAah1eH