CINEMA "Caminhando com Dinossauros" entedia com diálogos desnecessários

 

 

 

Quando você começa a torcer pelo vilão, sabe que a coisa tem problemas

 

Em algum ponto da produção de "Caminhando com Dinossauros" o caldo desandou. A ideia original era abraçar o estilo docudrama da natureza, contando a história de um grupo de paquirinossauros e as agruras de uma geração inteira de um bando durante o período cretácio. Mas, de alguma forma, eles acharam que isso seria muito chato e resolveram dramatizar um pouco a história. O resultado ultrapassa o limite do sonolento e finca os pés sem medo no irritante. Mas já chegamos lá.

Acompanhamos aqui a vida de Patchi (abreviatura do nome em latim da espécie, Pachyrhinosaurus), o menor de sua ninhada de paquirinossauros, filho do líder da manada. Aos poucos vemos ele crescendo e traçando seu caminho, sobrevivendo a ataques de predadores, especialmente os famigerados Gorgossauros, se perdendo do grupo e rivalizando com seu irmão, grandalhão, Scowler, especialmente pelo amor de Juniper.

 

O jovem Patchi e Alex



É a clássica história do herói improvável que, contra todas as possibilidades, vence na vida e salva o dia. Nada errado nisso. Não é a primeira, nem a última vez que veremos uma história assim no cinema. O problema é que isso vem soterrado de uma tonelada de diálogos inúteis e tolos que estão lá com a única e exclusiva função de tornar o filme menos chato - tiro que sai pela culatra. A ideia era dar características mais humanas para os dinossauros - apesar de não serem todos os dotados de fala.

O resultado talvez até ajude para que crianças menores acompanhem o enredo que, de outra forma, seria muito visual (todavia, "Wall.E" está aí para provar que com o roteiro certo, diálogos são secundários). Mesmo que este seja o caso, a certeza é de que os adultos irão se entediar. Por que não há uma única fala que realmente acrescente algo em relação ao que estamos vendo. E, veja, não são breves diálogos pontuais. Todos os personagens centrais falam o tempo todo. Sem parar. Especialmente o pássaro/narrador Alex. Essa sobreposição de mensagens em uma história que já não é lá muito empolgante, cria uma narrativa que subestima o espectador. E ninguém gosta de se sentir burro.

 

Patchi adulto, com um mundo de provações pela frente



Claro, nem tudo é de se jogar fora. O visual é impressionante. E eles ainda incluíram personagens humanos na abertura - ainda que completamente desnecessários - para reforçar o realismo do design dos dinossauros. Fora algumas decisões estéticas espertas, como dar uma cicatriz para Patchi logo nos primeiros minutos para que a gente nunca tenha dúvidas de quem ele é no meio de uma manada com centenas de quadrúpedes iguais em cena.

Há também uma pesquisa detalhada, que é a base do filme, sendo utilizada aqui. O que quer dizer que você talvez acabe aprendendo algo, se aturar o enredo sacal. Por exemplo, o foco é no período cretácio, era em que os dinossauros realmente existiram - e não no Jurássico -, ou o fato de alguns deles estarem mais para pássaros do que para répteis nessa altura do campeonato. Além, claro, de uma série de informações sobre cada um dos animais que vemos em cena.

Caminhando com Dinossauros

 
  • Título Original: Walking with Dinosaurs 3D

  • Lançamento:

  • Duração: 87 minutos

  • Gênero: Animação

  • Diretor: Barry Cook e Neil Nightingale

  • Elenco:

  • Avaliação:

     
    0.5 1

Caminhando com Dinossauros

 

 

 

 
 
Luiz Gustavo Vilela

Luiz Gustavo Vilela

Autor / Fonte: pop

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