Chagas Neto, o Constituinte

 Foi no evento de recepção ao ex-ministro da Fazenda, Henrique Meireles, no auditório do Diretório Regional do MDB, em Porto Velho, que vi e falei com o Chaguinha pela última vez. O observava, em sua cadeira de rodas, do outro lado do salão, atento, ligado às falas das autoridades que compunham a mesa.

E, de quando em vez, abria o sorriso, principalmente quando era alvo de cumprimentos e citações daquelas personalidades da política de Rondônia e do Brasil. Era disso que mais gostava. De ser reconhecido como um dos protagonistas da história política e empresarial deste novo estado que ajudou construir. Nem parecia está doente, enfrentando sua última batalha.

Sim, Chagas Neto uma pessoa otimista, alegre, pra cima. Com ele tinha luta, vitória. Derrota era coisa pra cabra mole. Tanto, que estava empenhado, depois dos 70 anos, em reconstruir sua volta aos palcos da política partidária conquistando mandato de deputado estadual.

Percorria o estado, visitando municípios e se comprazendo de alegria ao reencontrar velhos companheiros em todos os recantos. Gente que o animava apontando a real possibilidade de mais uma vitória nas urnas nas eleições de outubro próximo.

O prazer de ouvir o sonoro alarido das pessoas a caminho das urnas só era comparável à alegria do empresário da construção civil escutando o ronco das máquinas na preparação de mais um terreno ou o chap chap da colher do pedreiro jogando a massa na parede. O universo de Chagas Neto não parava de construir espaços para acolher os de amanhã.

Foi  com esse espírito empreendedor que chegou no Congresso Nacional como deputado federal constituinte. Junto com outros nomes do porte de Assis Canuto, Francisco Sales e José Guedes, consignou seu nome na Constituição Federal que ora nos rege. E honrou o seu Ceará e a sua Rondônia com a sua contribuição à Lei Maior da Nação.

Exibindo currículo ao invés de folha corrida que a tantos nem envergonha mais, Chaquinha exerceu sua cidadania com altivez até o último momento.  Sua família não tem do que se envergonhar.

Agora, peço a Deus, imploro até, que dê um tempo. Em duas semanas, Ele mandou um vento forte que derrubou duas castanheiras da minha floresta. Estou ficando só.

OsmarSilva – jornalista – presidente da Associação da Imprensa de Rondônia(AIRON) – Editor do noticiastudoaqui.com – [email protected] – WhatsApp  99265.0362 

Autor / Fonte: Osmar Silva

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