Casas de Apoio dependem de contribuições para manter atendimento aos pacientes do interior

 Creusa

A viúva Creusa Araújo fez de sua residência uma casa de apoio

 

Como surge uma casa de apoio para pacientes que estão em tratamento longe de casa? As respostas podem ser as mais diversas, mas para  Narira Neves o que a levou  a criar uma casa de apoio em Porto Velho, em 2008, foi o sofrimento que passou em anos anteriores, quando precisava se deslocar de Cujubim para a Capital, e não tinha onde ficar. “Às vezes tinha  que ficar vários dias e o desespero era grande”, conta.

 

Há sete anos Narira resolveu com  a família que era melhor vir para Porto Velho e logo montou um espaço para receber os pacientes com preço que considerava acessível, ideal para atender às próprias necessidades e dos hóspedes. Funcionando em imóvel alugado, a casa de apoio estava sempre mudando de endereço. Atualmente funciona no bairro Costa e Silva, próximo ao Hospital de Base, mas está prestes a fechar. “Chegou a hora de voltar para casa”, diz Narira.

 

De 2013 para cá, Narira assegura que pelo menos quatro mil pessoas estiveram em sua pensão. Além da dormida, ela oferece café da manhã, almoço e jantar ao preço de R$ 25, a diária. Com tanta gente precisando de pousada, o estabelecimento de Narira vai fazer falta. Prova disso é que na semana passada, quando já considerava a casa fechada, recebeu uma ligação de Mirante da Serra, de onde 10 pessoas estavam sendo transportadas para exames e tratamento e precisavam de um local para ficar. “Sei bem como é que é isso, e fui correndo para o mercado fazer umas comprar para receber o pessoal em casa”.

 

Creuza Araújo, de 60 anos, mora no bairro há 30. Viúva, baixa renda, casa grande e observando a procura  dos pacientes e seus acompanhantes, resolveu se aventurar  e fez de sua residência uma casa de apoio, que começou a funcionar no ano passado. As acomodações são simples. “Mas eu faço isso com o maior amor”, destaca.

 

Enfrentando dificuldades, Narira pensa em fechar a casa e voltar para Cujubim

Enfrentando dificuldades, Narira pensa em fechar a casa e voltar para Cujubim

 

Na casa estão casais com  filhos, idosos e outros. “Todo mundo aqui precisa de ajuda e eu vou fazendo o que posso”.

 

Sozinha, ela se desdobra na cozinha. “Levanto bem cedo e preparo o café e antes de sair todos são alimentados”.  Mal termina o café e é hora de correr  com o almoço, para atender aos que têm consultas à tarde. Em seguida o jantar. A casa não tem nutricionista, mas ela diz que procura atender a todos da melhor forma, oferecendo sempre uma alimentação que teriam em casa, arroz, feijão, massas, saladas e uma carne bovina ou de ave. A diária também é de R$ 25. “Se pudesse, cobraria menos, mas é o menor preço possível”, explica.

 

Alguns cômodos têm até um pouco de privacidade, mas a maioria serve de passagem para os demais. A procura é grande, especialmente nos começos de semanas. Na falta de leitos, Creuza abriga hóspedes até mesmo em seu quarto pessoal. “Quando tem necessidade e sendo mulher, eu ofereço, porque lá tem duas camas. Geralmente elas aceitam porque falta lugar aqui perto”.

 

Roupa de cama e de banho, assim como  outros objetos de uso pessoal, cada um traz o seu de suas casas. Os quartos têm ventiladores. “A casa de apoio é para quem precisa mesmo de ajuda”, pontuou a proprietária.

 

Segundo ela, a proximidade do Hospital de Base, da Policlínica Oswaldo Cruz e da Fhemeron facilita o acesso e aumenta a procura na região, onde há pelo menos mais três casas com o mesmo perfil.

 

NACC

Gerente Naira Moraes, secretária do Núcleo de Apoio às Crianças com Câncer

Naira Moraes, secretária do Núcleo de Apoio às Crianças com Câncer

 

Também no bairro Costa e Silva está o Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC). Uma organização não governamental, voltada para atender aos pacientes  infantis  da ala de câncer do Hospital de Base. O local recebe pacientes em tratamento e familiar, em geral a mãe, que acompanham as crianças de até 14 anos durante o tratamento. Por ser uma ONG, o atendimento é gratuito e para manter as portas abertas, o NACC depende de doações de pessoas físicas e empresas.

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Assim como as casa de apoio, o NACC também teve uma razão lógica para começar. Naira Moraes, secretária da instituição, conta que as mães, antes do NACC, ficavam no próprio hospital. Consternada com o sofrimento, uma enfermeira começou a levá-las para sua casa, mas como  número de pacientes aumentava muito, os profissionais da oncologia infantil, com alguns apoios, providenciaram uma casa para recebê-las, até que surgiu o NACC.

 

A instituição recebe apoio de profissionais como psicólogos e fisioterapeutas que vão até a casa para atender pacientes. “De modo geral, o trabalho dos psicólogos é mais voltados para as mães, porque muitas ficam desorientadas com o diagnóstico”.

 

Além disso, podem ser destinadas ao NACC doações de alimentos, roupas e calçados infantis, brinquedos, mas a maior necessidade hoje é a construção da sede, em terreno já adquirido nas proximidades do Hospital de Base. Por meio de campanhas,  já existe em caixa pelo menos a metade do valor do orçamento do empreendimento, “mas precisamos completar o valor para iniciar a obra”, destaca Naira.

 

No final do mês de julho, no terreno do NACC, será montado o arraial de festa junina, “esperamos uma boa arrecadação”.

 

Fotos: Daiane Mendonça

Autor / Fonte: Alice Thomaz/decom

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