Capitão América enfrenta o lado sombrio dos EUA em "O Soldado Invernal"

O Capitão e seu escudo para proteger os americanos

 

Hipócrita, por uma definição simples, é aquele que diz algo mas pratica seu contrário. Nesse sentido, o Capitão América, o personagem, representa aquilo que os EUA dizem que são. Ou, no limite, aquilo que querem ser como país. O mérito desse novo filme, "Capitão América 2: O Soldado Invernal", está em colocar o herói, símbolo de liberdade, patriotismo, justiça e igualdade, em choque direto com o as práticas opostas a isso. E, claro, tudo enfeitado com cenas de ação que são de tirar o fôlego.

Agora o Capitão é um operativo da S.H.I.E.L.D., limpando a bagunça de Nick Fury, como o próprio herói diz. Mas quando acontece um atentado contra o diretor da agência de espionagem, um alvo é colocado nas costas do Capitão, que fica sem saber em quem pode confiar. A maior dúvida é em relação à Viúva Negra, que parece mais e mais envolvida em tudo, mas, ao mesmo tempo, é sua única possibilidade de se salvar. Eles ganham ainda a companhia, na segunda metade do filme, de Sam Wilson, um ex-militar que participou do projeto Falcão, que, literalmente deu asas a ele.

 

O Capitão precisa decidir em quem confiar



A ação se alterna entre a investigação, onde uma pista vai levando a outra, até que os verdadeiros inimigos e seu plano sejam desmascarados, e nas perseguições frenéticas, com a maior agência de espionagem do mundo no encalço dos heróis. Se isso não é suficiente, eles ainda encaram o mítico e famigerado Soldado Invernal, que é a nova versão do melhor amigo do Capitão, Bucky Barnes, que também está nos seus calcanhares.

Esse jogo de gato e rato, com ação vertiginosa e com o clima de paranoia e desconfiança presente o tempo todo, são os elementos de um típico thriller de espionagem setentista. E é um acerto tremendo - como todos os outro filmes da Marvel, que não são exatamente histórias de super heróis, mas filmes de gênero disfarçados como se o fossem -, além de se encaixar perfeitamente no tipo de metáfora que eles querem abraçar.

 

Sebastian Stan como o Soldado Invernal



Guardadas as devidas proporções, já que se trata de um grande blockbuster, há uma mensagem muito forte por trás de "O Soldado Invernal". O plano maligno envolve vigilância constante sobre todas as pessoas do mundo e eliminação de ameaças. De preferência, antes delas se tornarem ameaças de fato. E, claro, o Capitão é contra isso. As pessoas precisam lidar com a liberdade e, caso excedam limites, arquem com as consequências. Comportamento sob coerção não é liberdade. Especialmente quando a decisão sobre o que é ou não uma ameaça é completamente arbitrária.

Então, se o Capitão América é o símbolo de tudo o que os EUA querem ser, o Soldado Invernal encarna o que o país é - ou demonstra ser. Isso porque o Capitão segue firme com a ingenuidade que só era possível no mundo antes da Segunda Guerra Mundial. Ele não chegou a testemunhar, por exemplo, a explosão das bombas no Japão, acontecimento que se liga diretamente ao cinismo contemporâneo, encarnado pela Viúva Negra. E se é essa mesma ingenuidade que o torna fácil de ser manipulável, é ela que o mantém em sua trajetória.

 

A mão dura do totalitarismo encontra o escudo da liberdade



Já o Soldado Invernal é seu oposto. Age sob os panos, usando de métodos escusos, executando missões que, em geral, envolvem assassinato. Por isso é particularmente cruel ouvir de um personagem, um político americano que é corrompido pelos seus próprios ideais, que o Soldado ajudou a moldar o século XX. Um século marcado, exatamente, por essa desconfiança e paranoia. Daí a importância de uma figura como o Capitão América deixar de ser discurso e meter a mão na massa.

Capitão América 2: O Soldado Invernal

 
  • Título Original: Captain America: The Winter Soldier

  • Lançamento:

  • Duração: 136 minutos

  • Gênero: Ação

  • Diretor: Anthony Russo, Joe Russo

  • Elenco: Chris Evans, Scarlett Johnasson, Anthony Mackie

  • Avaliação:

     
    4.5 1

Capitão América 2: O Soldado Invernal

 

 

 

Autor / Fonte: pop

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