Baleia Azul - Locutor de rádio é detido suspeito de divulgar ameaças do jogo

Baleia Azul - Locutor de rádio é detido suspeito de divulgar ameaças do jogo

Locutor foi detido suspeito de divulgar ameaças do jogo Baleia Azul em Novo Mundo (MT) (Foto: Polícia Militar de Mato Grosso/Divulgação)

Um locutor de rádio, de 24 anos, foi detido nesta quarta-feira (19), em Novo Mundo, a 791 km de Cuiabá, suspeito de divulgar ameaças do jogo 'Baleia Azul'. Segundo a Polícia Militar, ele teria encaminhado mensagens com ameaças contra estudantes de duas escolas da cidade. O celular do locutor foi apreendido. O conteúdo do aparelho deve ser analisado durante as investigações.

À polícia, o locutor disse que recebeu a mensagem em um grupo de WhatsApp de Sinop, cidade que fica a 503 km de Cuiabá. Depois, afirmou ter alterado alguns dados da mensagem, como nome, cidade e os nomes das escolas. Em seguida, a encaminhou em um grupo de colegas de trabalho dele.

A mensagem continha ameaças contra 30 crianças de duas escolas do município. A incitação ao crime seria uma etapa do jogo online, que teria como último desafio o suicídio.

Ele ainda disse à polícia que era apenas uma brincadeira e que não participa do jogo. Também afirmou que nunca foi ameaçado por nenhum envolvido no jogo. Ele foi detido por ameaça e encaminhado para a Polícia Civil.

Na semana passada uma adolescente de 16 anos foi encontrada morta em uma lagoa em Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá, após supostamente ter cumprido a última etapa do jogo. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Para orientar pais e alunos sobre os perigos do jogo, policiais militares fazem palestras nos municípios onde há registros de participantes. Até esta quarta-feira (19), a PM informou que havia identificado 11 adolescentes envolvidos no jogo.

O G1 ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:

1. Fique atento à mudança de comportamento
Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades.

“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que sofre algo que não consegue falar”, diz.

2. Compartilhe projetos de vida
Para entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da Baleia”.

“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais simples, como definir a programação do fim de semana.

3. Abra espaço para diálogo
Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para falar de suas frustações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”, afirma Elizabeth.

Angela Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha. “O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família.”

Angela reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele sabe que existe.”

4. Adolescentes devem buscar aliados
O adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato com o jogo e entenda que quem está à frente deles são manipuladores”, diz Elizabeth.

5. Escolas podem criar iniciativas pela vida
Assim como a família, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth.

Alguns colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a pensar em alternativas para aumentar a conscientização sobre a importância de cuidade da vida. No Colégio Fecap, que fica na Região Central de São Paulo, essa ideia virou projeto escolar: a turma de alunos do ensino médio técnico de programação de jogos digitais começou a criar uma espécie de “contra-jogo” da Baleia Azul. “O jogo ainda está sendo produzido pelos alunos. Eles estão se reunindo e debatendo a questão. Serão 15 desafios de como desfrutar melhor da vida e celebrá-la”, conta o professor Marcelo Krokoscz, diretor do colégio.

Durante o curso, os estudantes aprender a aplicar linguagens de programação para criar jogos para computadores, videogame, internet e celulares, trabalhando desde a formação de personagens, roteiros e cenários até a programação do jogo em si. Segundo Krokoscz, a ideia é que o jogo, ainda sem prazo de lançamento, esteja disponível on-line para o público em geral.

Ele afirma que o objetivo é a ajudar os jovens a verem o lado bom da vida. “Impacta mais fortemente nossos alunos a partir do momento que eles mesmos criam um jogo a favor da vida.”

Autor / Fonte: G1 - MT

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