Atingidos pela cheia do Madeira não conseguem receber auxílios prometidos
— Publicada em 21/07/2014 às 12h13min
Porto Velho, RO – Desde as primeiras horas desta segunda-feira (21) dezenas de pessoas que foram afetadas pela cheia histórica do Rio Madeira e fizeram cadastro na Defesa Civil se amontoam numa fila no Centro Político Administrativo para reclamar que não têm recebido os benefícios dos auxílios aluguel e vida nova.
Jose Aparecido da Silva (46) contou que é a terceira vez que foi à Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos sem conseguir resolver seus problemas.
– Estão nos fazendo de bobos. Disseram que não acharam meu cadastro e me mandaram retornar na quarta-feira. Até agora não recebi nada – revelou.
A dona de casa Maria José de Souza (50) vive a mesma situação.
– É a terceira vez que venho até aqui. Moro no Joana d'Arc, a uns doze quilômetros daqui. É difícil chegar até a secretaria. Pior ainda é perder a viagem. Aí não dá, né? – indagou.
Raimunda dos Santos (26), que também é dona de casa, fez mais viagens até o CPA. É a quinta vez que ela espera em filas.
– Eles me disseram que o nome está na lista, mas não pagam. Informaram que não está na hora de receber. Não consigo entender. Se o nome está lá e tudo está correto, por que não pagam? – perguntou.
Angélica Oliveira dos Santos se diz humilhada com tantas idas e voltas frustrantes.
– Já vim cinco vezes aqui e até agora nada. Já perdi tudo na cheia e agora tenho de passar por essa humilhação. É muita enrolação. Fiquei cinco meses num colégio e voltei pra minha casa. Não agüento mais. Preciso arrumar minha residência e o governo só mente para nós – alegou.
Manoel Felicio dos Santos (47) relatou ter chegado à fila às 03h da manhã desta segunda.
– Meu nome está na lista, mas não sei por que não liberam o pagamento. Venho aqui perder tempo. É a terceira vez que perco a viagem. Cada vez que retorno é uma desculpa diferente e mais esfarrapada do que a anterior.
Francisca das Chagas Mendes disse que o pagamento deveria ter saído hoje, mas que é a terceira vez que vai a Secretaria de Assuntos Estratégicos para saber o que está acontecendo e não tem respostas satisfatórias.
– Agora estão dizendo que haverá uma nova lista que sairá na quarta-feira. Eu tenho de parar tudo o que faço para vir até aqui ouvir embromação. Nos fazem de idiotas – vociferou.
Antônia dos Passos de Souza, de 82 anos, também esteve no centro em outras quatro oportunidades e ainda não recebeu o benefício.
– Disseram que sairia hoje, pois meu nome está errado no sistema. Não consertaram o erro. Isso é uma brincadeira! Tenho de subir até o terceiro andar na marra. Não respeitam os idosos – bradou.
Versão do Governo de Rondônia
Rosana Cristina Vieira de Souza, diretora-executiva da Secretaria de Assuntos Estratégicos, respondeu às críticas:
– As pessoas estão angustiadas devido ao momento que estão passando, mas temos critérios a cumprir. Temos um sistema de malha que filtra todos os cadastros. É preciso que essas pessoas que têm o direito ao benefício estejam cadastradas na Emater e na Defesa Civil é necessário estarem cadastrados na EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e na Defesa Civil. Três mil famílias estão aptas a receber, de acordo com os relatórios das visitas técnicas. O restante, infelizmente, não cumpre com os requisitos.
De acordo com a diretora, as visitas técnicas realizadas por profissionais constataram, por exemplo, mais de uma família no mesmo endereço cadastrado; restrições no CPF ou falta de algum documento exigido.
– Atualmente existem cerca de mil e quinhentos cadastros com algum tipo de irregularidade, mas ainda passando por vistoria. Estamos dando preferência para o Baixo Madeira. Porém, apesar da região ser uma das mais afetadas, também há muitas irregularidades.
Demora no pagamento
Rosana Cristina mencionou que há dificuldades com o Banco do Brasil porque o sistema é manual e, qualquer alteração, demora a ser realizada.
– Umas duas mil pessoas já receberam o benefício. Quem teve algum tipo de dano na residência causado pela cheia tem direito. E quem saiu de casa por causa disso, também. Mas é preciso estar regularizado – finalizou.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
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