Assembleia poderá criar CPI para investigar risco de rompimento de barragens no rio Madeira

O deputado Jesuíno Boabaid (PMN) disse que colherá as assinaturas necessárias de colegas para formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a possibilidade de rompimento das barragens das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Porto Velho.

Não é somente o risco de um acidente de grandes proporções que motiva Boabaid. Ele se mostrou indignado com o repasse de R$ 100 milhões feito para o Estado devido às obras. O deputado quer saber onde colocaram o dinheiro, afirmando que não viu na capital obras que possam corresponder a esse valor.

O grande astro na audiência pública realizada na última quinta-feira (5), na Assembleia Legislativa, para debater a possibilidade de rompimento das barragens, foi o biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Phillip Martin Fearnside.

Através de dados técnicos, gráficos e modelos de barragens de outros países, Phillip Fearnside mostrou a razão de os empreendimentos estarem em risco.

Antes do pronunciamento de Fearnside, o consultor da Energia Sustentável do Brasil (Esbr), engenheiro Edio da Luz, tinha dito que não existe a hipótese de rompimento da barragem da Usina Jirau. Ele afirmou não haver cabimento em lembrar a tragédia em Mariana (MG) e citou a Usina de Itaipu, construída há décadas.

O pronunciamento de Phillip Fearnside, pesquisador de renome internacional, jogou por terra o argumento do representante de Usina Jirau. Fearnside explicou que a comparação das usinas de Santo Antônio e Jirau com Itaipu não é cabível, porque o rio Paraná é muito diferente do Madeira, que ainda está em formação.

O que causou risos em alguns presentes foi a justificativa da Santo Antônio Energia, que não enviou representante à audiência pública. Em documento encaminhado à Assembleia Legislativa, a empresa alegou que a Usina de Santo Antônio é segura e que “rejeita e lamenta as declarações veiculadas sobre o eventual risco de rompimento de sua barragem, que considera irresponsáveis, na medida em que têm sido feitas por profissionais que não detêm informações e conhecimento técnico adequados para opinar sobre o tema, o que pode provocar preocupações desnecessárias e até mesmo pânico na população de Porto Velho”.

Os risos foram devido ao invejável currículo de Phillip Fearnside, que derruba o argumento de que as declarações são feitas por profissionais sem conhecimento técnico.

A promotora de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado, Aidee Mozer, explicou que o MP de Rondônia, devido a não haver no Estado técnicos suficientes para analisar o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) apresentado em Brasília pelas usinas do Madeira, contratou 20 consultores conceituados e de renome internacional para desenvolver esse trabalho. Um dos consultores contratados foi Phillip Fearnside. Ao contrário dos responsáveis pela Santo Antônio Energia, o MP de Rondônia considera o pesquisador com a capacidade necessária para tratar desse tema, portanto.

A promotora Aidee Mozer disse que o parecer dos consultores apontou que o Rima realizado pelas hidrelétricas não era suficiente para garantir a segurança das usinas. Ela afirmou que o relatório, assinado também por Phillip Fearnside, gerou um certo desconforto ao ser apresentado ao Ibama, por ter sido considerado melhor do que o Rima feito pelas hidrelétricas.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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